Quase Carnal

Sabe aquele tempo que a gente não viveu?
As noites em que não fizemos amor?
Os filmes que não vimos, as palavras que não sairam, os abraços que não nos demos.
São lembranças que vem qundo te sinto passar no caminho seco do seu andar torto.
As noites mais crueis são as que me lembram suor, calafrios, sussuros...
Tento me mexer em sua volta, contornar seus pensamentos, afliçoes...
É como gritar gritar e não ser ouvido...
É como buscar por palavras pra expressar o que eu nem sei o nome
É medo de tudo, de todos...
Não é você que me apavora. É a premissa de estar perto do seu corpo que amedronta.
Lábio no lábio, olho no olho, sexo no sexo.
É uma tempestade que me atinge, raios que me jogam pra fora de um sonho sutil, me mostram que pra ser de alguém é preciso ser um sopro...
Em seus cabelos, entre seus meios, meio das pernas, meio do peito, meio do mundo.
Vou soprando eu em você, soprando meu passado nas suas mentiras, minhas imagens nos seus romances...
Os vultos correm desesperados, todos com pressa pra chegar a você.
Eu tenho você tão perto, e mesmo com pressa de você chegar, só vejo um vulto.
Sempre Nulo, sempre quente, sempre em mim.
Eu em você
Você em mim.
Nóis dois e lugar nenhum.

Fonte: Matheus de Castro.