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Insanidade do vento


Chega sem pedir licença e zomba do meu corpo e do meu ser.
Como se apenas sentir não bastasse, ele me move, me carrega a onde quer.
Me joga feito folha seca. É frio e ao mesmo tempo tão quente, senti-lo entre meu dedos, minha carne,
Cada célula treme, porém o sangue pulsa rápido por minhas veias, quente!
Sinto cheiro de liberdade, de mato, de terra, de gente!
Você consegue pegar o vento, prendê-lo?
colocá-lo em uma caixa escura? Aquele, que sem pedir nada em troca a não ser o teu corpo, te deu o cheiro
da liberdade!
E você o prende!
Quem é o louco?
Ser humano cruel, egoísta e Invisível aos olhos do vento!

                                                                                          Samara Santos 

A valsa da Chuva


Um dia chuvoso e pensamentos a mil. O frio toma conta do meu ser, escorre por tida a pele e faz-me tremer os dentes.  Sentada na varanda contemplo o jardim molhado, cada folha, cada flor, cada gota. Todos dançam a valsa da chuva, um vai e vem de ventos, o cheiro de terra molhada e o céu cinza tão triste e fascinante ao mesmo tempo. Lembro-me de uma infância não tão distante, quando ficava na casa de minha avó e que dias assim, chuvosos, era motivo de festa. Fecho os olhos e vejo-me correndo pelo cercado, pulando em poças de lama, andando em baixo da calha esperando as gotas caírem, levantava a cabeça e abria a boca e sentia aquele gosto de felicidade.
Quando se cresce e vira “gente grande” é meio difícil explicar o porquê, mais olhar a chuva cair aqui da varanda ou de qualquer outro lugar, principalmente quando se está só, é meio deprimente. Não poder sair e tocar, sentir ou até mesmo dançar com ela.
E o gosto de felicidade? Cadê?
Por que mesmo que eu saia e me atreva a abrir a boca não consigo senti-la, não me permito sentir isso verdadeiramente.
Só o que sinto é um terrível frio a dançar sobre meu corpo.

                                                                                           Samara Santos
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